Abaixo-Assinado (#4747):

Solicitação de Retratação Pública e de Peso Equivalente pela Revista Época aos Grupos Nacionais de Apoio à Adoção sobre o Equívoco da Abordagem da Capa da Edição de 20 de Julho de 2009 do Noticiar a Aprovação da Lei Nacional de Adoção

Destinatário: Sociedade Civil - Senado Federal - CNJ

Os cidadãos abaixo assinados desejam tornar público seu repúdio à capa da Revista Época de 20 de julho de 2009, no. 583, que consideram equivocada, irresponsável e um desserviço à sociedade brasileira e à causa da Infância e Adolescência abrigadas neste país, ao tratar do lançamento da Lei Nacional de Adoção, destacando de forma preconceituosa e com nítido enfoque orientado apenas a seus objetivos comerciais o “LADO B DA ADOÇÃO”, assim definido pela publicação como os problemas com filhos adotivos que aparecem com o passar do tempo e são mascarados por suas famílias. Frente à aprovação de uma lei, que assim como foi o Estatuto da Criança e Adolescente, é uma conquista relevante para uma população de cerca de 80 mil crianças abrigadas no Brasil, que há décadas vivem sob um limbo jurídico que muitas vezes determina sua definitiva institucionalização até a maioridade, uma das revistas nacionais de interesse geral de maior tiragem se vê no direito de atuar como imprensa marrom, explorando em sua capa uma chamada sensacionalista e abordando de forma destacada a exceção da devolução de crianças adotadas “como um saco de batatas” (vide miolo da matéria), ao invés de cumprir seu papel de retratar a realidade de milhares de lares constituídos através da adoção legal que vivenciam a alegria do encontro e do convívio familiar. A cultura nacional de adoção já é cercada de tabus suficientes, muitos construídos por esta mesma mídia que ora é capaz de incensar a “generosidade” da adoção, em matérias igualmente equivocadas e piegas de apelo popular, ora é capaz de multiplicar o preconceito e reforçar a insegurança que impede muitos lares de acolher crianças de diferentes etnias, grupos de irmãos, portadores de doenças ou acima de determinada faixa etária. A cultura de adoção em nosso país precisa mudar, milhares de crianças, adolescentes e pessoas que desejam construir um lar com filhos precisam que seja dado um passo em direção ao esclarecimento de que a paternidade afetiva não se distingue da biológica a não ser por seu fato gerador. Filhos biológicos também podem trazer problemas e os trazem, como qualquer família feliz ou não sabe, e é preciso lidar com os problemas e alegrias, superá-los e comemorá-las, pois os problemas e soluções fazem parte do aprendizado de ser pai, mãe, tio, tia, avó, avô, filho, neto, sobrinho, irmão ou amigo. Portanto, reiteramos nosso repúdio a tratamento tão evidentemente discriminatório e ao nosso ver influenciador de pensamento retrógrado e de reflexão no atraso, quando a imprensa tanto fala em Responsabilidade e Inclusão Social. Erros e acertos, assim como fazem parte do cotidiano de todas as famílias seja lá como forem constituídas, fazem também parte do exercício da profissão de jornalista. E é pelo respeito que temos aos bons profissionais, que com liberdade de expressão tem contribuído para muitos avanços reais da democracia, conscientização política, informação e exercício da cidadania neste país, que solicitamos no abaixo assinado que a revista Época se retrate. Que esta publicação assuma publicamente seu erro e o corrija, abordando de forma responsável o tema, com seus melhores editores e repórteres, honrando o papel de formadores de opinião com a responsabilidade que lhes cabe neste e em outros temas de relevância nacional. Esta lei é uma conquista, uma vitória a ser comemorada, mas obviamente não resolve com um estalar de dedos a questão da Infância e da Adolescência no Brasil. Assinamos nosso repúdio à abordagem sensacionalista desta edição, quando tanto existe a ser discutido para garantir a meninos e meninas o direito à reintegração familiar ou ao encaminhamento à família substituta a partir de políticas públicas mais efetivas, do esclarecimento da sociedade sobre o tema e de uma pauta construtiva capaz de transformar a ainda restritiva cultura de adoção deste país.



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