Abaixo-Assinado (#33029):

MANIFESTO PELO FOMENTO À LEITURA NAS SÉRIES INICIAIS

Destinatário: AOS INTERESSADOS(AS) POR UMA EDUCAÇÃO DE QUALIDADE

A Educação no Brasil, em especial a oferecida às pessoas de baixo poder aquisitivo, as quais compõem a maior parte da população, é marcada por injustiças, desigualdades e relativo descaso por parte do Estado brasileiro. Com a chamada democratização da escola pública nas últimas décadas, a população de baixa renda apenas se apropria rudimentarmente das habilidades de ler, escrever e compreender.
Entendemos que, de maneira geral, por parte da elite deste país e da ampla maioria dos altos gestores em educação, não há interesse sincero na qualificação da formação básica dos brasileiros para que seja possível o pleno exercício da cidadania, pois um sujeito capaz de pensar sobre as circunstâncias de sua comunidade poderia colaborar na desestabilização do sistema social vigente, gritantemente organizado para perpetuar a ordem do capital e a estratificação social de nossa sociedade.
Acreditamos que o pleno domínio da leitura e da escrita, em nossos dias, é fundamental para que qualquer pessoa possa desenvolver um aprendizado autônomo depois de frequentar a escola, para continuação da formação intelectual, para crescimento pessoal e profissional, para acesso a boas oportunidades de trabalho, para participação efetiva da vida em sociedade, para cumprimento dos deveres e para exigência de seus direitos de cidadão.
No cenário da educação brasileira, todavia, expressivo número de estudantes ou não alcançam a alfabetização plena, ou nem se apropriam do sistema de escrita. As avaliações em larga escala como o PISA, o INAF, a Provinha Brasil, a ANA (Avaliação Nacional da Alfabetização), a Prova Brasil e, no caso da Bahia, o Avalie Alfa atestam que a qualidade de nosso ensino tem passado por momentos críticos.
Isso se deve a uma variedade de fatores. Entre eles, vale destacar: a precária formação dos professores; a carência de propostas pedagógicas adequadas ao contexto de cada rede de ensino; a falta de gestão na aplicação dos recursos destinados à educação; no caso da prática da leitura, a bibliotecas precárias ou inexistentes. Esses fatores, somado a muitos outros não destacados aqui, parecem ser o bastante para justificar o baixo rendimento educacional dos alunos brasileiros nos anos iniciais do ensino fundamental, aspectos que comprometem quase que determinantemente a continuação da formação escolar.
No âmbito científico, rendemo-nos aos estudos que citam a prática da leitura como condição para a leitura compreensiva. Uma vez vencida a etapa da decodificação, o desafio que se impõe ao aprendiz é ler e entender o que lê. Esse desafio está estreitamente relacionado à automatização do conhecimento relativo à correspondência grafema-fonema, processo favorecido pela prática frequente da leitura. Sem leitura frequente e sistemática, o estudante não melhora sua compreensão leitora.
Logo, pedagogicamente, convictos de que a leitura desenvolve a nossa capacidade de imaginação, colabora para o amadurecimento emocional, lida com as subjetividades, aspectos tão importantes para o crescimento intelectual, pessoal e profissional, entendemos que o compromisso com a prática frequente da leitura é responsabilidade de todos os agentes envolvidos na educação: alunos, pais, professores, gestores de escola e de redes de ensino.
Entendemos que o papel do gestor de ensino e / ou da rede de ensino é o de implementar políticas como estas: a) ampliação do acervo escolar, garantindo muito mais do que prevê a lei 12.244/2010; b) apoio e gerenciamento de eventos que promovam a leitura, como exemplos: feiras do livro e cursos de contação de histórias; c) formação continuada de professores para o fomento à leitura; d) democratização do acesso ao livro, fazendo das salas de leitura ou das bibliotecas o lugar mais atraente da escola, com amplo acesso do aluno ao acervo bibliográfico. Ainda, a escola deve assumir seu papel de protagonismo na formação do estudante leitor, pois, muitas vezes, o indivíduo não terá o privilégio de descobrir o instigante e rico mundo da leitura noutra instituição social.
O papel do professor, como principal gestor do aprendizado estudante, é o de estimular criativamente a leitura e o de mostrar, por meio da leitura-arte em sala de aula, o prazer que é o de viajar pelas histórias dos livros e brincar com as palavras. Um professor que acredita no poder da prática da leitura é, antes disso, um leitor apaixonado. Vemos que é papel do professor, ainda, orientar os pais para a adequada administração da leitura em casa.
Entendemos que aos pais cabe o papel de garantir espaço e tempo diários para a prática da leitura no ambiente familiar. Se analfabetos, os pais poderão ajudar simplesmente ouvindo diariamente a leitura dos filhos, fazendo comentários elogiosos sobre a melhoria da performance e conversando sobre as histórias lidas.
O estudante, permanentemente de posse de um livro em processo de leitura, convencido da importância da leitura para seu aproveitamento escolar e para a sua vida, pratica diária e frequentemente a leitura.
Por fim, acreditamos firmemente que um estudante leitor é um indivíduo com maiores e melhores chances de inserção social e de exercício da cidadania. Ao permitir-se um ambiente de não leitura, seja no ambiente escolar ou familiar, indiretamente colaboramos para condenação desses estudantes a uma qualidade de vida inferior. Entendemos que um estudante leitor será um cidadão mais preparado para a vida em sociedade.

Coordenação da II Jornada de Alfabetização:
A prática da leitura nas séries iniciais
26 de novembro de 2015

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