Abaixo-Assinado (#37115):

ABAIXO-ASSINADO EM REPÚDIO ÀS DEMISSÕES DA PROFESSORA DOUTORA DANIELA TAIBO RIBEIRO XISTO, DO PROFESSOR MESTRE DIEGO ALMEIDA MONSALVO E DA PROFESSORA MESTRE THAIS DOS SANTOS LUCAS GOMES ROCHA

Destinatário: À Vossa Excelência Reverendíssima Dom Tarcísio Scaramussa - Bispo Diocesano de Santos e Chanceler da Universidade Católica de Santos e Ao Magnífico Reitor Prof. Me. Marcos Medina Leite

ABAIXO-ASSINADO EM REPÚDIO ÀS DEMISSÕES DA PROFESSORA DOUTORA DANIELA TAIBO RIBEIRO XISTO, DO PROFESSOR MESTRE DIEGO ALMEIDA MONSALVO E DA PROFESSORA MESTRE THAIS DOS SANTOS LUCAS GOMES ROCHA

À Vossa Excelência Reverendíssima Dom Tarcísio Scaramussa -
Bispo Diocesano de Santos e Chanceler da Universidade Católica de Santos

Ao Magnífico Reitor Prof. Me. Marcos Medina Leite

Os acadêmicos e egressos do Curso de Licenciatura em Filosofia da Universidade Católica de Santos - UNISANTOS, e os cidadãos desta cidade de Santos, abaixo subscritos, vêm mui respeitosamente à presença de Vossa Excelência e Vossa Magnificência, requerer a reconsideração das demissões da Professora Doutora Daniela Taibo Ribeiro Xisto, do Professor Mestre Diego Almeida Monsalvo e da Professora Mestre Thais dos Santos Lucas Gomes Rocha e suas consequentes readmissões no quadro de docentes desta instituição.

Destaque-se que as professoras e o professor demitidos gozavam e gozam de grande carinho e estima por parte de todo corpo discente, o que justifica a comoção observada por parte dos acadêmicos tão logo a informação sobre as demissões foram divulgadas, não somente pelos vastíssimos currículos, gabarito, conhecimento, capacidade didática e experiência que possuem, mas também pela grande preocupação que sempre dispensaram no sentido de construir um curso de Licenciatura em Filosofia de excelência nesta unidade.

Requer-se ainda seja agendada uma audiência dos acadêmicos deste Campus com Vossa Excelência e Vossa Magnificência, em caráter de urgência, a fim de que possam relatar as insatisfações geradas com as demissões dos professores.

Tristeza, poderíamos dizer, é o que há. Afeto negativo, que segundo Spinoza, filósofo holandês do século XVII, produz apatia e inibe a vontade de ser que é própria a todo o ser que vive. Spinoza sabia que os governos, as instituições e os sacerdotes precisavam da tristeza de seus “súditos”. Hodiernamente, conhecemos a tristeza quando temos um mau encontro com as pessoas e as circunstâncias com as quais nos deparamos na vida. Reconhecemos o mau encontro quando, em dada circunstância, temos vontade de fugir. Vontade de parar, de jogar a toalha, abandonar o barco… Quando algo nos acontece e queremos nos esconder…

Entristecimento que é promovido pelo poder. Se é que se pode chamar poder, o que em verdade, é ressentimento. Ressentimento, avalia Nietzsche, filósofo alemão do século XIX, é a impossibilidade de esquecer o sofrimento que irrompe com o ônus do tempo. Afeto negativo, comum a quem não consegue esquecer alguma coisa ruim que aconteceu, sentimento mal parado, o ressentimento aprisiona. Ressentir é evocar a lembrança que gira em torno de uma paranoia.

Mas, há também indignação. Há revolta! É revolta o que irrompe da clareza. E a clareza da verdade perturba. Os gregos entendiam a verdade como Aletheia, o que se desvela, que se descobre. Não há revolta sem verdade. O objetivo da Filosofia, é, portanto, levar os indivíduos à revolta, à verdade. A revolta nos torna humanos, nos liberta da experiência alienante em que vivemos.

Nós, egressos e estudantes do curso de Licenciatura em Filosofia da Universidade Católica de Santos, estamos revoltados e fazemos público nosso repúdio ao processo demissionário, que só podemos entender como ato persecutório contra a Professora Doutora Daniela Taibo Ribeiro Xisto, o Professor Mestre Diego Almeida Monsalvo e a Professora Mestre Thais dos Santos Lucas Gomes Rocha.
Consideramos essas demissões, ao apagar das luzes de Junho, tanto um atentado ao direito de livremente ensinar das professoras e do professor, quanto ao nosso direito de sermos alunos e alunas partícipes de um processo de produção crítico do conhecimento.

Repudiamos veementemente a demissão da Professora Doutora Daniela Taibo Ribeiro Xisto, cujo histórico docente nesta Universidade inclui os melhores dos últimos anos do curso de Licenciatura em Filosofia, em que ela esteve à frente da coordenação do curso. Por sinal, diga-se, professora que sempre se destacou pela defesa intransigente do alto nível de qualidade do curso e dos interesses dos discentes no que se refere à sua sólida formação filosófica. São inúmeros os eventos promovidos dentro do curso de Filosofia (oficinas, seminários de pesquisa, grupos de estudo, atividades de extensão, entre outros), que também sabemos, não tivessem o apoio total e mobilização dos docentes pela professora não teriam sido realizados. Sua zelosa e comprometida dedicação em sala de aula ministrando as disciplinas de Estética, História da Filosofia Moderna e História da Filosofia Contemporânea e, especialmente, sua competência à frente da coordenação do curso de Filosofia, além de ter assegurado a formação de centenas de excelentes professores, não têm apenas contribuído, mas garantido as reiteradas notas máximas conquistadas pelo curso no ENADE. Se a demissão da professora Daniela é catastrófica para o curso de Filosofia da UNISANTOS, ela é mais ainda para as redes particular e pública de ensino, que recebem os docentes formados por esta Universidade; é catastrófica para a cidade de Santos, que perde esse imenso vetor produtivo de homens e mulheres que, ao final do curso, disseminam o pensamento filosófico nas suas mais diversas áreas de atuação.

Ao contrário da tristeza que sentimos agora, Reverendíssimo Sr. Bispo e Magnífico Sr. Reitor, a educação deve ser uma prática de promoção de um certo modo de alegria, a alegria da emancipação, a teoria-prática da liberdade que se baseia na lucidez que está para além de toda simples racionalização, pragmatismo ou utilitarismo. A educação é para o educador a vontade de trazer a alegria, de partilhar a alegria, de democratizar a alegria. A relação com o conhecimento é uma forma de alegria, a relação com o outro também. O conhecimento por sua vez se confunde com a educação enquanto campo de experiência: prática-teórica da vida ou teoria-prática da vida cuja razão é a alegria. Ora, a alegria é uma força revolucionária. A professora é e sempre foi para todos nós, esse modelo da alegria.

Do mesmo modo, o professor Diego, desde seu ingresso no curso de Filosofia em 2015, nos tem ensinado a fazer do pensamento algo agressivo, ativo, afirmativo, o que, certamente, não agrada aos que louvam o negativo e seus altos prestígios.

E o que dizer da professora Thais Lucas, com sua dedicação maternal e competência indiscutível à frente do curso de Pedagogia e também na disciplina de didática para o curso de Filosofia, além de sua participação em projetos como o PARFOR, entre outros, com pesquisas coordenadas pela professora que mereceram (e merecem) destaque.

Não nos é satisfatória a explicação oferecida pelo Sr. Diretor do Centro de Educação, ora coordenador do curso de Licenciatura em Filosofia, acerca das demissões do professor Diego Monsalvo e da professora Thais Lucas, posta sob um signo genérico de reestruturação administrativa. Tampouco podemos aceitar as justificativas, saliente-se de ordem estritamente persecutória, para a demissão da professora Daniela Xisto, em decorrência da atuação dessa docente, que mostra como clara característica, devido sua trajetória acadêmica, a capacidade de inspirar seus discentes à uma visão crítica das relações, incorrendo no despertar de uma consciência pensante. Acreditamos e queremos continuar acreditando que tais resultados são de interesse ético desta instituição de ensino, que se mostra alinhada nesse compromisso.

O que explica, Reverendíssimo Sr. Bispo e Magnífico Sr. Reitor, que a Universidade instaure essa aparente “caça às bruxas”, que atente contra a qualidade de seus próprios cursos, constranja e afaste duas professoras e um professor que têm esse histórico de serviços prestados à formação de seres humanos livres e profissionais competentes? Não concordamos com isso. Não podemos concordar com isso. Queremos ensino, pesquisa e extensão de qualidade, e não simulacros que somente servirão para apresentar ao MEC.

Para além da defesa da professora Daniela, do professor Diego e da professora Thais, queremos o direito de livremente aprender. E, por isso, repudiamos toda forma de constrangimento ao qual as professoras e o professor foram submetidos.

Se agora nos manifestamos e repudiamos essas demissões, é porque tivemos o privilégio de poder encontrar em nossas salas de aula, docentes como a professora Daniela, o professor Diego e a professora Thais, e algumas e alguns outros poucos, que jamais serão por nós esquecidos. Com elas e eles descobrimos que podemos pensar “fora dos manuais”, que não somos seres inertes, meras caixas de depósito. Aprendemos que podemos fazer diferença em prol de um mundo mais justo e solidário.

A Universidade é católica e privada, mas o ensino é laico e submetido à Constituição de nosso país. O objetivo do Ensino Superior é adentrar diariamente no universo da esperança por uma sociedade pautada nos valores da justiça e da ética. Este Centro de Educação e Universidade formam não apenas os próximos profissionais de educação que irão se integrar ao mercado de trabalho, mas cidadãos conscientes de sua responsabilidade social nas diferentes áreas do conhecimento.

Assinam o presente documento, os discentes, egressos e cidadãos abaixo:

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