Abaixo-Assinado (#37481):
Ilmo. Sr.
Hipólito da Cunha Alves
Participante e Adepto a Religião Afro-Brasileira e Costumes da Tradição Religiosa Yorùbá.
Pertencente a casa de Culto Religioso:
Ilè Àșę Oyá Eegun Afunjìlàșę.
Situado a Rua Léo Vigildo Cavalcante, 720 - Bairro São Geraldo Ceará-Mirim, Rio Grande Do Norte, Brasil
Nós, abaixo-assinados, (Pertencentes a Religião Afro-Brasileira e Tradições Religiosas Yorùbá), vimos requerer de V.S.ª Senhor Presidente da República e Órgãos de Justiça competentes que..
Devido ao caos instalado em território nacional e últimos atos como; depredação, vandalismo, injúrias, calúnia, difamação, agressões verbais, agressões físicas, desrespeito total para com a nossa religião e para com o próximo. Solicitamos a urgência de medidas cabíveis e protetivas, referentes a nossa religião.
Pelos seguintes motivos: O preconceito contra religiões afro-brasileiras consiste no juízo preconcebido, manifestado geralmente na forma de atitudes discriminatórias, perante pessoas, lugares ou tradições com base em percepções sociais negativas contra as religiões afro-brasileiras, como a Umbanda e o Candomblé ou a Cultura e religiosidade afro-brasileira como num todo.
Os discursos de ódio que incitam a discriminação religiosa acontecem até hoje, e frequentemente temos notícias de manifestações preconceituosas de maneira violenta e constrangedora. Em muitos casos a falta de conhecimento impulsionam os discursos, que arremetem a ideia de que as religiões afro-brasileiras têm fins satânicos e demoníacos.
A segunda metade do século XIX foi o período no Brasil quando houve o debate em torno da construção de um sentimento de nacionalidade e da identidade nacional, firmando-se durante a primeira república. Este debate baseava-se nas teorias e doutrinas raciais europeias e se expressava numa preocupação sistemática com a origem multirracial do povo brasileiro vista como fonte de contradições e obstáculo para a construção de uma identidade nacional. Nessa época, havia a escravidão e hierarquia nas relações inter-raciais. A noção de raça humana esteve, então, fortemente presente na formação desta identidade.
Nesse contexto, as religiões vieram para dividir ainda mais, pois nem todas aceitavam a inclusão de qualquer etnia racial, como por exemplo, a Igreja Católica Apostólica Romana que durante a Idade Média, somente aceitava pessoas brancas e abastadas.
As religiões afro-brasileiras se formaram através de um longo e complexo processo histórico. No período colonial, o catolicismo era a principal religião no Brasil, que fora introduzida pelos Jesuítas que acompanhavam os colonizadores. No século XVI começou a escravidão de negros, trazidos para trabalhos nos engenhos, principalmente no norte do Brasil. Os escravos eram obrigados a se converter ao catolicismo e isso acontecia de forma superficial, já que secretamente continuavam cultuando e se manifestando religiosamente.
Com o tempo, a Igreja Católica percebeu as manifestações e deu início a perseguições às crenças africanas. A religião podendo ser um instrumento de poder, influência política e imposição ideológica, uma religião periférica de escravos pobres e negros era vista como ameaça e as religiões de origem africana começava a ser endemoniada e ter sua legitimidade questionada.
Em um país de maioria absoluta de católicos, a prática religiosa negra e a Religião Afro-brasileira reformada, mesmo ampliando suas linhas e aproximando-se do folclore, foram duramente perseguidas pelas delegacias de costumes até a década de 60 do século XX.
Não acreditamos que após séculos de libertação, retornaremos aos confins da História e voltaremos a praticar nossa religião de forma embutida e escondida entre casas e vielas, sem o direito de poder usar Branco? Sem poder usar nossas guias? Por medo de nos apedrejarem? Sim pois, é isso que vem acontecendo evangélicos, imbuídos da palavra da bíblia estão convertendo traficantes e os incitando a depredar casas de matrizes africanas e culto religioso Afro-Brasileiro, vide fotos nos links.
http://odia.ig.com.br/rio-de-janeiro/2017-09-07/setimo-terreiro-e-depredado-em-nova-iguacu-nos-ultimos-meses.html
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