Abaixo-Assinado (#41460):

Apoio ao Corpo Docente do Colegio Friburgo

Destinatário: cirof@@colegiofriburgo.com.br

À equipe docente do Colégio Friburgo
Recebemos com imenso alívio a carta encaminhada a nós, pais, relatando a decisão deste corpo docente em aderir à paralização da próxima semana e tentaremos aqui explicar as razões.
Concordamos plenamente com o trecho em que dizem que “a qualidade e manutenção de um projeto pedagógico de excelência só pode ser construído em um ambiente de segurança, bem estar e condições dignas de trabalho”. Compreendemos tratar-se de um ofício cujas exigências vão muito além de cumprimento de horas trabalhadas ou comparecimento ao trabalho, ou até cumprimento de um planejamento previamente estabelecido junto à instituição.
Especialmente em uma época em que a facilidade de compartilhamento e acesso a informação vem produzindo a necessidade de revermos em tantas instâncias sociais nossos paradigmas, como construímos nossas identidades como pais, como auxiliamos nossos filhos a lidar com demandas com as quais não lidamos quando tínhamos sua idade (uso da tecnologia, privacidade, bullying etc) precisamos poder contar com professores preparados não apenas para o trabalho acadêmico, mas também – e principalmente! – conscientes de sua missão no preparo dessas crianças e jovens para o convívio no “novo mundo” que se apresenta a nossa frente.
E nos perguntamos: sem direitos básicos garantidos como um professor que já vive tantas demandas cotidianas pode acompanhar as mudanças sociais com a rapidez com que acontecem?
Sim, fomos nos informar. E nos parece que o que os senhores professores buscam com esta paralização é a garantia de que direitos básicos não sejam perdidos. Compreendemos que há uma convenção coletiva, que garante que não importa a instituição em que os senhores atuem, ou a forma de gestão adotada, certos direitos são garantidos por essa convenção, como “lei” do trabalho docente. Foi pesquisando que compreendemos então a razão de, apesar de terem tido a chance de se reunirem com a direção/mantenedor do Friburgo, e ouvido dele que não há intenção dele em suprimir os direitos que hoje fazem parte dessa convenção, ainda assim mantiveram a decisão de paralisar. Compreendemos agora que sem a convenção acordada entre os sindicatos (dos professores e dos mantenedores) as promessas individuais podem não ser cumpridas no futuro – porque independem da vontade ou da intenção de compromisso isoladas de um mantenedor. Admiramos a fibra em pensarem além de suas realidades. De se unirem enquanto categoria pelo bem comum. E foi quando compreendemos o que estão fazendo que resolvemos escrever esta carta, pois como mães e pais, atualmente, o que mais desejamos que nossos filhos aprendam na escola não tem a ver com aritmética ou gramática (o que eles podem aprender quando quiserem, com acesso a um computador e um vídeo produzido por um professor em qualquer lugar do mundo). O que desejamos que nossos filhos aprendam na escola é conviver neste mundo onde cada vez mais os indivíduos precisam exercem seu papel cidadão com coerência e convicção pautada no coletivo; e é na escola que eles se deparam com “o mundo coletivo”, que vai muito além de seu umbigo.
Encerramos esta carta com um desejo: esperamos que possam também envolver os alunos nesta discussão e aproveitar a oportunidade para ensinar a eles o que acreditamos que vocês estão colocando em prática e que bem se traduz na missão desta instituição Friburgo: educar para a cidadania, o respeito, o direito de Ser. Vocês demonstram que vale a pena lutar pelo que é fundamental para um determinado grupo de pessoas porque é assim que se faz um mundo melhor, mais digno e justo. E queremos acreditar que para aqueles pais cuja iniciativa ocasiona um transtorno logístico por um dia sem aulas, isso possa ser superado e minimizado pela empatia em reconhecer a necessidade e o que é relevante para outros. Direitos, Valores, Reconhecimento, Dignidade, Justiça, são essenciais a todos os seres humanos.
Esperamos que a mesma instituição que afirmou aos senhores – e também a nós pelo seu comunicado - que seus direitos serão mantidos na instância institucional tenha feito essa mesma escolha diante de seu sindicato, o que nos parece que de fato é o que faria uma grande diferença para a manutenção dos direitos básicos da categoria como um todo.
Vocês têm nossa admiração, respeito e apoio.
Pais e mães de alunos do Friburgo