Abaixo-Assinado (#43031):

Manifesto dos Esperantistas Brasileiros contra a Tirania e todas as formas de Fascismo: por uma Sociedade Consciente, Livre e Igualitária

Destinatário: A todas as pessoas

Manifesto dos Esperantistas Brasileiros contra a Tirania
e todas as formas de Fascismo
Por uma Sociedade Consciente, Livre e Igualitária

Nós esperantistas vemos com muita preocupação a atual disseminação de ideias fascistas entre pessoas que não conhecem a História e nem imaginam as consequências nefastas que poderão se abater sobre o país.

O Esperanto é uma língua internacional com cerca de 2 milhões de falantes que nasceu há mais de um século para facilitar o entendimento entre os povos. O movimento esperantista acredita na igualdade e tolerância e é neutro em matéria de nacionalidade, cor da pele, credo religioso, orientação sexual e política partidária. Justamente por seu ideal de tolerância e igualdade, muitos esperantistas foram perseguidos, presos e até mortos pelas forças de Franco, Mussolini, Stalin, Hitler e outros extremistas.

O esperantista que acredita nos ideais do idealizador Zamenhof - e de tantos outros que ao longo dos últimos 130 anos, têm dedicado suas vidas a superar barreiras de segregação e a promover a aproximação entre pessoas de culturas, pensamentos e crenças diferentes -, se posiciona a favor da promoção de ideias pacifistas e inclusivas, que são fiéis aos ideais defendidos pelo Esperanto, de igualdade e respeito ao próximo.

Chamamos os esperantistas a refutar quaisquer ideias totalitárias ou fascistas, pois contrariam o ideal de igualdade e respeito do esperanto. Nós, esperantistas, acreditamos nos ideais do esperanto que nos guiam. Nós, também, aprendemos com o passado de outros povos e lembramos dos mortos nas trincheiras da I e II Guerras Mundiais, nos campos de concentração alemães, nos gulags soviéticos, durante a Guerra Civil Espanhola, e em tantas outras frentes de batalha em que o fascismo, vestido de um discurso sedutor e com as cores mais diversas, nos atacou justamente por nós, esperantistas, promovermos e defendermos a confraternização entre os povos, a diversidade de culturas e a liberdade de expressão.

Não há mensagem capaz de exprimir a profundidade e perigo iminente da atual situação que nos encontramos e a extensão dos danos que podem nos atingir em vários níveis das nossas vidas, seja enquanto indivíduo, seja enquanto sociedade, com perdas de direitos já conquistados. Este Manifesto, feito a várias mãos, cumpre nosso papel de cidadão e ser humano consciente da nossa liberdade, igualdade e respeito.





PRINCÍPIOS E AÇÕES PROPOSITIVAS QUE EMBASAM O MANIFESTO

Apresentamos então sugestões para estimular o uso de abordagens que favoreçam o diálogo e a conexão com as pessoas. Podemos desconstruirmos essa estrutura de pensamento extremista.


Princípios do Manifesto

Princípio 1 - Comunicação Não-Violenta. Se não desejamos incitar o ódio ou a raiva, então nós mesmos devemos estar atentos à nossa fala regada por tolerância ao outro. O fomento do ódio, alimenta o fascismo e ideias extremistas. O ódio é um vírus, e nosso foco e fala pode ser no tom pacífico. É demonstramos e agirmos como desejamos que o mundo viva, com base nos nossos próprios princípios. Praticando-os.
Princípio 2 - Clareza com suavidade. Clareza para identificar a essência do discurso do outro. Temos que buscar os conceitos em que estão baseados os argumentos do potencial fascista. Temos que cavar fundo. Temos que ter foco para buscar as razões mais profundas por trás dos discursos de “ódio pelo ódio”. Há algo a mais, que gera este ódio e não é simples chegar na essência, mas é preciso ter foco. Suavidade com coragem para se posicionar com firmeza. Coragem para dizer nossos argumentos, sem medo. Podemos ser firmes e simultaneamente pacíficos.
Princípio 3 - Liberdade e Igualdade. A liberdade de fala e ação é nosso bem inviolável, sob qualquer sistema no qual venhamos a viver. A igualdade é a forma como respeitamos esta convivência entre nós. Igualdade de oportunidades e de direitos.

Então, com base nestes princípios, seguem algumas sugestões para abordar os potenciais fascistas ou apoiadores de uma tirania, da qual nem eles/as mesmos estão cientes.



Ações Afirmativas deste Manifesto

Ação afirmativa 1 - Pergunte o que eles querem e mantenha a calma para escutar as primeiras rodadas de resposta, que virão com ódio e com tom autoritário. Vamos buscar o resultado final do que desejam, para podermos identificar os conceitos por trás. O conteúdo e a forma são importantes. “Tiranos e seus apoiadores usam o ódio como agente desestabilizador psíquico e como agente para mudar o foco do fraco e frágil conceito no qual eles se apoiam.”

Ação afirmativa 2 - Busque construir uma linha de argumentos sem o uso de palavras extremistas (pois qualquer extremo é perigoso, seja o da direita extrema, seja o da esquerda extrema). Se alguém é a favor do porte de armas, questione quais são os argumentos que o levam a isso. ”As pessoas que lhe garantem que você só ganha segurança em troca da liberdade em geral querem negar-lhes ambas.” Muito pelo contrário, cabe ”ao governo ampliar a liberdade e a segurança”.

Ação afirmativa 3 - Pergunte “Como?” será realizada a proposta. Ao perguntar “o como” para o potencial opressor, você pode colocá-lo a refletir sobre o que ele mesmo está a dizer. A apontar-lhe as inconsistências, barbaridades ou paradoxos existentes em sua fala e atitude. Faça-o refletir, com base em seus próprios argumentos. Lembre que cada um deve pensar por si só. Será que o potencial fascista fala por impulso do momento ou ele realmente acredita que é possível viver como está sendo proposto por ele mesmo? Há vários exemplos históricos de que “a obediência por antecipação é uma tragédia política”, como foi na Alemanha logo após a vitória de Hitler em 1932.

Ação afirmativa 4 - Proponha uma agenda política própria e pessoal. Faça-o formular propostas particulares, de sua própria autoria, e não copiadas de alguém que é carismático. Pessoas sedutoras e carismáticas não são necessariamente boas para com o outro. Aceitar inverdades tão radicais exige um abandono flagrante da racionalidade. É preciso fazer um esforço para pensar, refletir e construir a partir de si mesmo. Leia muito, muito. Não acredite no que alguém lhe contar. Reflita por si.


Dicas para se aprofundar no tema: um livro e um filme que dialogam sobre o tema, sobre os perigos da tirania e, principalmente, o que podemos fazer na prática.
Livro: “Sobre a Tirania: Vinte lições do século xx para o presente”. Timothy Snyder (2009).
Filme: A Onda (Die Welle). de Dennis Gansel (2008). Sobre o que os próprios alemães aprenderam sobre fascismo.

#eolivre #esperanto

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