Abaixo-Assinado (#43063):

Solicitação de representação aos Psicólogos

Destinatário: Conselho Federal de Psicologia e Conselhos Regionais de Psicologia

Há muitos “profissionais” no mercado de trabalho que fazem promessas de tratamentos surreais, com o objetivo de prospectar pacientes, que muitas vezes, estão fragilizados e vulneráveis, com a esperança de que seu sofrimento termine.

Essa situação pode resultar em duas vertentes, para nós, psicólogos. Na primeira situação, há também uma questão de saúde pública, visto que o paciente chega aos nossos consultórios com seus quadros e sintomas agravados e ainda mais confusas e sensíveis aos seus problemas, ou mesmo com demandas inexistentes antes do tratamento realizado por terapeutas não qualificados, fazendo com que esses pacientes fiquem ainda mais enraizados em seu cerne individual, o que, além de causar-lhe uma dor ainda maior, dificulta nosso trabalho pela intensidade do problema e grande volume de “buracos” a serem preenchidos de uma só vez.
A segunda hipótese, é na confusão, que os leigos fazem, entre psicólogo, psicanalista e terapeuta, o que faz com que nossa profissão seja ainda mais desvalorizada ou tida como ineficaz, reforçando a crença e estigma a respeito da nossa profissão.

Sendo assim, nós, psicólogos clínicos, viemos requerer que sejam providenciadas políticas de fiscalização e conscientização mais rigorosas no que tange o atendimento psicoterapêutico clínico.

É de extrema preocupação os eventuais equívocos de interpretação que podem ser causados diante da promessa de cura de várias questões psíquicas e emocionais, como: Anorexia, ansiedade, autoestima e autoconfiança, bulimia, compulsões, culpa, frustração, magoa, raiva e tristeza, dependência química depressão, disfunção sexual, transtornos mentais e de personalidade, fobias, vícios, abuso sexual entre outros, por profissionais não qualificados devidamente para tratar de forma ética e eficiente essas demandas. Além disso, há o risco desse tratamento interferir diretamente com questões psicológicas delicadas, de pessoas que não tenham o equilíbrio emocional necessário para enfrenta-las, necessitando do auxílio de profissionais formados em psicologia para atender esta demanda, orientando o paciente na reconstrução de seu significado, e sentido de dimensões importantes de sua vida, num processo de autoconhecimento, e não só de cura dos sintomas causado pelas situações vivenciadas pelo sujeito..

Os profissionais em questão prometem a cura rápida e milagrosa para problemas de cunho psicológico, sem embasamento cientifico, a maioria deles intitulando-se coachs, hipnólogos e terapeutas holísticos, cujo trabalho muitas vezes é realizado com técnicas da psicologia e outras utilizando-se se técnicas sem comprovação científica. Sugerem e divulgam suas técnicas como “solução rápida” para o sofrimento emocional e bem-estar PSICOLOGICO de seus pacientes, nas demandas por eles atendidas, visando o lucro financeiro através de propaganda enganosa, com grandes chances de atrair aqueles que estão passando por dificuldades psíquicas e emocionais, que precisam muitas vezes de tratamentos co, profissionais de psicologia e psiquiatria.

A Hipnoterapia e o Coaching não são profissões reconhecidas, e sim uma técnica que está vinculado a formação universitária (e específicas, como medicina, psicologia, dentista, fisioterapeutas, no caso da hipnose), de acordo com a Associação Brasileira de Hipnose (ASBH).

As terapias aplicadas por esses “profissionais”, muitas vezes, não são reconhecidas nem como técnica terapêutica, a não ser pelos profissionais que a divulgam, que não fornecem dados científicos para afirmar que as técnicas por eles utilizada é de fato eficazes.

Ademais, cabe ressaltar que tais práticas não são ferramentas adequadas para lidar com problemas psíquicos, transtornos mentais ou qualquer outro tipo de fragilidade emocional que demande cuidado e tratamento psicológico, sendo este capaz de interferir na perpetuação do sofrimento, trazendo reestruturação e resiliência para as pessoas que estão passando por tais problemas.

Com essas condutas equivocadas esses profissionais desrespeitam os profissionais da Psicologia Clínica, que são devidamente qualificados por meio de curso superior específico e regulamentada por Conselho, sendo devidamente habilitados e capacitados para tratar da terapêutica de casos como os citados anteriormente.

Sendo assim, nós profissionais de Psicologia, viemos expressar nossa insatisfação e requerer algumas providencias do que diz respeito às questões listadas abaixo:

 Que haja uma regulamentação, a respeito das técnicas de hipnose, coaching e demais profissionais que se intitulam terapeutas, restringindo que apenas profissionais da psicologia ou psiquiatria, devidamente formados e com cadastros ativos em seus respectivos conselhos possam utilizar da hipnose para tratar de qualquer tipo de distúrbio mental, traumas, questões emocionais e qualquer outra questão que seja relacionado a questões psicológicas.

 Maior representação dos profissionais de Psicologia permitindo e ampliando o conhecimento sobre suas funções para a população em geral;

 Esclarecimentos sobre os limites das funções e de atuação de profissionais que não são psicólogos, mas que atuam com demandas psicológicas;

 Maior fiscalização e regulamentação de atividades e práticas psicológicas, restringindo o exercício de tais atividades somente aos psicólogos;

 Regulamentação dos sintomas tratados exclusivamente pela psicologia;

 Fiscalização de “profissionais milagrosos” e de suas “terapias inovadoras/exclusivas”;

 Fiscalização e regulamentação de cursos capacitantes, bem como os requisitos profissionais exigidos para a inscrição desses cursos;

 Esclarecimentos e determinações legais sobre quais são as demandas, limites e especificidades que dizem respeito à hipnose e ao coach e que devem ser praticados exclusivamente por psicólogos;

 Piso salarial de profissionais em Psicologia;

 Apuração de denúncias que são levadas aos CRPs de práticas psicológicas que estejam sendo exercidas por não psicólogos;

 Atuação legal sobre pessoas que diminuem a imagem da Psicologia para enaltecer seu trabalho/terapia/prática/método/técnica.

 Medidas efetivas sejam tomadas para esclarecer, regular, fiscalizar e apurar denúncias sobre as atividades exclusivas de profissionais em Psicologia que estão sendo praticadas por não-psicólogos.

 A existência de um corpo técnico responsável pelo código de ética afim de esclarecer a respeito de violações do sigilo em casos de necessidade.

Expressamos nosso repúdio a pessoas que se envolvem em atividades e práticas psicológicas sem formação em Psicologia e alertamos para os riscos que tal conduta pode trazer aos clientes que são atendidos por tais pessoas.