Abaixo-Assinado (#44704):

Cachorros nas Praças

Destinatário: Moradores da City Boaçava

São Paulo, 18 de dezembro de 2018.

CARTA DE INTERESSE PÚBLICO

Aos moradores do City Boaçava, a Sociedade dos Amigos do Bairro e a quem mais possa se interessar.

Viver em São Paulo é um desafio para muitos moradores. Enfrentamos altas taxas de violência, impunidade da criminalidade, desestruturação das famílias em diversas esferas, altas cargas de trabalho e pouca construção de redes sociais que permitam uma convivência revigorante em sociedade. De modo geral, temos pouca disponibilidade emocional para nossas crianças e pouca perspectiva no mundo do trabalho para os jovens, refletindo em terceirização da infância, alta criminalidade e drogadição na juventude, contextos propícios aos alarmantes índices de depressão e suicídios nas mais tenras idades do desenvolvimento humano nas diversas camadas sociais que São Paulo abrange.
Não obstante, temos pouca eficiência dos órgãos públicos competentes em gerir a complexidade dos conflitos e problemas diários que a cidade propicia. A cada ano, a velocidade do surgimento de diversos perfis de público, da diversidade de opiniões e dos hábitos e peculiaridades da vida dos cidadãos se altera de uma forma tamanha, que torna o gerenciamento dos conflitos locais da megalópole paulistana, um grande desafio. Ainda assim, independente de todas as divergências, com uma qualidade de vida altamente estressante, todos desejamos desfrutar de um entorno mais prazeroso e harmônico.
Os conflitos de uma determinada localidade, marcam os diferentes estilos de vida e valores adotados, porém sem um instrumento de comunicação entre as pessoas que compartilham um espaço público, apenas os grupos que se afinam e organizam-se entre si podem representar suas vozes. Desse modo, na intenção de representar nossas demandas, viemos através desta carta impedir que decisões sejam executadas de modo alheio a outras soluções de vidas que se criaram intuitivamente e espontaneamente, com relevância suficiente para ser representada socialmente.

SOBRE A LEGALIZAÇÃO
A topografia da cidade, suas demandas e hábitos são fortalecidos pelos interesses comercias, mas também por demandas reais das pessoas que procuram soluções pessoais. Assim como a Constituição prevê o direito de adquirir animais e o direito de livre passeio dos mesmos, também há lei que proíbe o acesso de cães sem guia em espaço público. Esta última generaliza os espaços públicos, desconsiderando o aumento do número de animais adotados pelos cidadãos, que vivem em sua maioria em apartamentos, e o aumento da demanda em construir espaços verdes adequados a sua socialização na cidade de São Paulo.
Temos todos observado o fortalecimento e crescimento de canis, da saúde veterinária, de lojas numerosas que comercializam produtos e os serviços, dos mais especializados, que prestam cuidados e assessorias aos animais domésticos. Passeadores e adestradores passaram a fazer parte da cena paulistana, a explosão do mundo PET indica não apenas a oferta de serviços, mas também a demanda da convivência com animais, que implica numa autoeducação da população em relação aos conflitos surgidos desse novo contexto.
Assim como foi abolida a escravidão e tivemos a conquista do sufrágio universal, as leis devem ser alteradas a medida que a conscientização da população muda diante de um novo tema. É no dia-a-dia, com a conscientização da população que o estilo de vida, hábitos e valores vão se alterando, assim como a Lei deve ir sendo atualizada. Entretanto, para tal, é necessário que os novos conflitos surgidos numa nova dinâmica, sejam resolvidos e administrados pelo novo contexto.

ENCONTRANDO RESPIRO
Numa cidade altamente tecnológica e demandante, há uma notável emergência da simplificação da rotina e dos processos, seja através do contato com espaços verdes em parques, praças, bares e restaurantes com mesas nas calcadas ou em enormes filas de carros em busca de praia, de montanhas. Nunca o paulistano pagou um preço tão alto para respirar fora de sua rotina cinzenta.
Não menos alheio a esse fenômeno social, o planejamento urbano da cidade tem mudado profundamente, oferecendo cada vez mais experiências de convivência no espaço público. Os espaços verdes em condomínios, em restaurantes, no passeio público crescem a cada dia. Os parques estão lotados aos finais de semana, onde todos os perfis de população são convidados a marcarem presença e o nascimento crescente de novos parques na cidade busca saciar a mesma demanda. É do mesmo modo intuitivo e resiliente, que as pessoas estão cada vez mais convivendo na Praça do Barão Pinto Lima, mais conhecida como Praça do Boaçava. É importante ressaltar que esse fenômeno não está acontecendo apenas nesta localidade, mas em toda São Paulo.

POR QUE A PRAÇA DOS CACHORROS (Praça do Barão Pinto Lima) É LEGAL!
- Promove exercitação física aos animais, gerando comportamento saudável e favorecendo a prevenção de doenças.
- Vivendo naturalmente em matilhas, promover socialização aos Pets, desde filhotes, favorece sua saúde integral,
- A Praça possui segurança e iluminação, o que incentiva a frequência de pessoas nas primeiras horas da manhã e nas últimas horas da noite. Assim, mulheres que trabalham até tarde ou entram cedo no trabalho podem se sentir seguras em levar seus Pets na hora que possuem disponibilidade para tal.
- Rede Social – as mesmas pessoas passam a frequentar a praça nos mesmos horários e isto promove encontro e aproximação dos vínculos, ampliando a rede social restrita ao trabalho ou ao a classe social. Ali todos se reúnem por um único objetivo: oferecer saúde para seus PETS, porem o que acontece é muito mais, as pessoas passam a confiar que é possível se relacionar fora de seu círculo de trabalho e da vida familiar.
- Acidentes estão previstos em qualquer relacionamento entre pessoas no espaço público, desde uma bicicleta com uma criança, um corredor com um skatista, como conflitos com pessoas e PETS. Todos os conflitos devem ser administrados localmente, e para tal precisamos encontrar formas de registro e identificação. Isso nos facilitaria uma fidedigna avaliação de quantos acidentes há em relação ao número de boas situações promovidas.
- Uma área pública pode perder valorização monetária, caso a presença dos PETS traga lixo, muito barulho, comerciantes ambulantes, o que não acontece nessa praça. Assim é possível que certo público encontre valorização imobiliária, visto que promove sociabilidade e oferece aos moradores, a possibilidade de socializarem seus Pets há segundos de sua residência. Vale lembrar que esse é o depoimento de muitos moradores da região.

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO DA POPULAÇÃO EM RELAÇÃO AO FENÔMENO PET EM SÃO PAULO
Tendo em vista o contexto explicitado, seria adequado e cuidadoso, adotar políticas de conscientização na citada Praça, a respeito dos cuidados exigidos aos pets quando na condição de socialização com humanos, bem como seria prudente transmitir informações aos cidadãos não-portadores de PETS, a respeito de como abordar os mesmo, como se aproximar e quais os tipos de brincadeiras tolerados pelos animais. Sistemas de identificação dos animais que apresentem comportamentos alterados seriam muito bem vindos, bem como a organização de registros de conflitos, notificações de adequação do comportamento do dono do cachorro ao próprio dono e outras medidas que naturalmente surgem em novos contextos de relacionamentos. Tendo em vista essa necessidade e desejosos do sucesso dessa inovação sugerimos:
• discutir o cercamento de uma área para os animais, dando possibilidade para aqueles que não querem ter contato nenhum com animais, evitarem a área demarcada nesta Praça,
• espalhar placas educativas a respeito dos deveres dos responsáveis pelos animais em relação à conservação da praça,
• incentivar a castração e o adestramento de animais,
• promover políticas de adestramento,
• ampliar iniciativa espontaneamente criada por alguns usuários, que espalham saquinhos pela Praça a fim de compartilhar o uso,
• divulgar importância da vacinação em dia,
• importância social do controle de pragas e pulgas dos PETS
• popularização dos cuidados básicos diários dos PETS a fim de mantê-los saudáveis física e psicologicamente,
• ressaltar os benefícios para os Pets de um cuidado adequado,
• criar registro de ocorrência dos conflitos ocorridos no dia-a-dia, mantendo público a identificação dos envolvidos,
• Informar ao público, horários em que a Praça recebe menos pessoas e cachorros, sugerindo àqueles que tem essa possibilidade, utilizar os horários de menor fluxo.
• oferecer cadastramento de profissionais, indicando e facilitando acesso aos serviços de adestramento, passeio, saúde veterinária.


A seguir, seguem depoimentos dos frequentadores a respeito da sugestão de alguns moradores da City Boaçava de que os cachorros deveriam se destinar apenas e exclusivamente Praça da Longevidade.

POR QUÊ A PRAÇA DA LONGEVIDADE NÃO É LEGAL!

- “É uma praça escura, em um ambiente que se tornou perigoso, onde ninguém quer ir sozinho, principalmente mulheres e crianças”

- "no Parque Villa Lobos continuamente comprova-se caso de estupro/tentativa de estupro além de furto, imagina então no parque onde não há iluminação, segurança e é totalmente fechado?

- “O cercamento dessa praça esconde e isola as pessoas, promovendo maior medo nas pessoas de estupro, crimes, assalto”.

- “A área não fica topograficamente numa região central em que as pessoas se “encontram” lá. Ela está em anexo a um outro parque. Tendo em vista a necessidade de revitalização de vínculos e pessoas criarem sentimento fraternal de quem vai sempre ali, a outra praça teria desligado os vínculos que aconteceram naquele espaço topográfico e naquela forma. Como era antigamente as pracinhas ao redor da igreja, ou ao redor dos coretos, onde de fato, de modo circular as pessoas se sentem acolhidas e se sentirem pertencendo a um contexto”.

- “Já foi criada uma praça para idosos justamente para que os idosos tivessem mais tranquilidade, isto é, não terem de conviver com cachorros em 2010. Na época, muitos cães foram tirados de lá. Apesar de já ter recebido cachorros em 2010, eles foram banidos de lá para transformar aquela praça em um lugar adequado aos idosos. Não vejo sentido depois desse investimento, obrigar os PETS a voltarem pra lá, visto que já foi avaliado que aquele não era um ‘local adequado para eles’.”

- “A Praça da Longevidade tem horário para abrir e fechar, quando muitos de nós vai passear com seus cachorros às 23 horas por conta de horários de trabalho diferenciado. Por essa razão, ela de fato não se adequa ao uso para as diferentes realidades de trabalho dos donos de cachorros”.

- “Seria necessário contratar seguranças e aumentar imensamente a iluminação para eu me sentir segura ali”

- “Para estacionar ali em volta, por conta do enorme fluxo de pessoas no Parque Vila Lobos será impossível aos finais de semana, além dos conflitos que existirão com os flanelinhas que permeiam a região”.

DEPOIMENTOS PESSOAIS

- “Na praça, grupos de pessoas se tornaram amigas, além de abrir oportunidades um para o outro, aumentou a rede de apoio aos animais, como por exemplo, na divulgação dos animais que estão para adoção, na indicação de conhecidos que resgatam animais ou indicam quem realiza essa tarefa. Já foram feitas adoções e resgates na rede construída nesta praça”.

- “Durante a noite, esta praça recebe adolescentes que fazem uso de psicoativos, o que ao nosso ver, é relativamente tolerado. O que torna a discussão sobre os cachorros um paradoxo, entendendo que a praça recebe pessoas com seus PETS até altas horas da noite e nas horas mais tenras da manhã, diminuindo a prática da atividade”.

- “Começamos a frequentar a praça por causa da, na ocasião, da nova membra da família Diana. Como íamos sempre no mesmo horário, acabamos conhecendo uma turma ótima! Sempre programávamos reuniões e encontros e quando descobri que estava grávida, eles ficaram sabendo junto com nossa família. Assim, essa turma, foi aos poucos se tornando nossa família em SP, uma vez que eu e meu marido moramos em SP, mas toda nossa família mora em Santos. Graças a essa praça, o encontro foi possível! Eles realmente fazem parte da nossa pequena família aqui em SP. Acompanharam toda a minha gestação e agora acompanham o crescimento da minha pequena Aurora.
Além disso, o encanto que a Aurora tem pelos cachorros é incrível. Ela dorme com os latidos! Não tem medo nenhum dos peludos e adora vê-los brincando. A praça em si, facilita muito nossa vida, pois é um lugar em que toda nossa família pode se reunir e se divertir ao mesmo tempo, sem ter que nos separar. Essa turma-família, que a praça nos permitiu encontrar, só se juntou por causa do nosso amor pelos cachorros!”

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Esta carta foi composta cidadãos frequentadores assíduo e diários da praça sito Parque Boaçava, que por livre e espontânea vontade, quiseram registrar em um documento, opiniões e depoimentos a respeito do uso que fazem desse espaço público e suas considerações a respeito da sugestão da Sociedade dos Amigos do Bairro, de que os cachorros dos usuários desta praça devam fazer uso da praça da Longevidade ao invés do espaço atual, quando estiverem com seus cachorros em passeis diários e/ou semanais.

Abaixo, assinam os apoiadores e concordantes desta carta.

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