Abaixo-Assinado (#50399):

Cancelamento da apresentação do TCC

Destinatário: baiao@baiao.com.br ; fernandasoarescjs@yahoo.com.br; helenice@facisa.com.br ; thaissoaresk@hotmail.com

Carta aberta
Diante dos últimos acontecimentos a nível mundial, nós, formandos Facisa- BH, manifestamos nossa indignação diante da escassa discussão com a comunidade acadêmica sobre as delegações referentes à finalização dos trabalhos de conclusão de curso (TCC). Ressaltamos que, todas as medidas até o presente momento tomadas pela universidade diante da situação calamitosa que vivemos, tem sido insuficientes e realizadas de forma unilateral, desconsiderando a pluralidade de condições, sociais, psicológicas, de saúde, econômicas e de acesso às tecnologias educacionais. Em todo nosso curso, aprendemos a lutar por um ensino de qualidade, justo e que garanta equidade de acesso aos bens públicos e privados. Aprendemos que o aluno é central no processo de ensino e aprendizagem e, antes de um cliente, é uma pessoa com direitos, sentimentos, necessidades e limitações. Por conseguinte, nos assusta e nos causa indignação a forma como as decisões estão sendo conduzidas neste final de curso, desconsiderando nossa vozes neste processo. Vivemos uma das maiores crises mundiais da contemporaneidade. Especialmente neste momento, assistimos o Brasil se tornando o centro da pandemia no mundo. Particularmente, a situação de Minas Gerais e de Belo Horizonte nos chama atenção. Apesar de aparentemente não estarmos sendo tão afetados como São Paulo e Rio de Janeiro, a baixa capacidade de testagem para detectar infectados somados ao número de pessoas assintomáticas que também transmitem o vírus, o aumento de casos de modo exponencial e a flexibilização iniciada é motivo de grande preocupação. Tais ações, além de irem na contramão às decisões tomadas por países que parecem ter superado a crise, estão em desacordo com as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS). Mesmo países que flexibilizaram antes da queda brusca e continua de casos como os Estados Unidos, viram os casos explodirem após o feriado do memorial day. Qualquer tentativa de apresentação do TCC presencial seria um ato de irresponsabilidade, especialmente considerando que a turma possui pessoas no grupo de risco da doença.
O que estamos vivendo é bastante grave. Estamos assistindo uma transformação no processo educacional devido ao caos instituído devido ao COVID-19. Fizemos muitas reclamações junto ao portal da instituição via requerimentos, porém sem sucesso. É importante frisar que estamos matriculados em um curso cem por cento presencial o que determina que as práticas sejam de uma forma específica. Porém, devido ao já citado caos, adaptações são até esperadas, desde que sejam realizadas de forma democrática, balizando as necessidades de todos os estudantes. Nossa impressão é que, até agora, todas as ações tomadas vem sendo feitas com o único objetivo: a de que terminemos o curso custe o que custar, jogando fora todo o trabalho e dedicação. Gostaríamos de destacar que não estamos em férias. Estamos sem poder sair de casa. Muitos perderam o trabalho, estão passando por imensuráveis dificuldades e inseguranças, seja em âmbito psicológico, financeiro e existencial. Nos apoiamos nas palavras da professora Dra Andrea Serpa, da Universidade Federal Fluminense: “professores, alunos e família não estão em férias. Não será um retorno tranquilo de pessoas descansadas, felizes e motivadas. Teremos um retorno sofrido, angustiado, doloroso. Pessoas esgotadas, ansiosas, preocupadas e feridas pelas perdas deste período. É hora de entender que a Educação não é uma corrida de obstáculos. Tampouco um caça-tesouros em que ganha quem enche mais a mochila de conteúdos”. Em consonância com a fala da docente, assistimos não só a precarização do nosso trabalho, mas também de nossa própria condição discente. Muitos de nós perdemos o emprego. Aqueles que tem o privilégio de manter um trabalho via home-office, tem lidado com diversas realidades que muitas vezes dificultam ou até impedem o desenvolver das atividades acadêmicas, como filhos tendo aula a distância, o cuidado com pessoas idosas na família entre outros casos. Estamos sobrecarregados com tarefas, trabalhos, provas e o TCC. Mesmo sabendo disso, a instituição decidiu (sem levar os fatores adversos implicantes no momento) que as datas da defesa do TCC estão mantidas, o que em si já é no mínimo um absurdo. A crise motivada pelo COVID-19 escancarou as desigualdades sociais no Brasil. Nem todos os nossos colegas tem acesso a um computador, quiçá internet de qualidade. A triste e dura realidade é que, mesmo aquelas pessoas que possuem computador em casa, vivem um dilema de malabarista, visto que se encontram em uma situação em que necessitam dividir o computador com outras pessoas, seja para garantir o sustento da família, para as aulas remotas de filhos e até mesmo para atendimentos médicos e psicológicos.
Como se não bastasse, nós não temos acesso a nenhum tipo de informação significativa com relação a maneira com que será conduzido o processo de defesa do TCC e assim sendo não podemos concordar com nenhum tipo de apresentação, visto que não há tempo para que desenvolvamos algo a altura de todo o trabalho que tivemos. Além do mais, temos grupos que tiveram que modificar o modelo de pesquisa dada a impossibilidade da ida ao campo; outros conseguiram transformar a pesquisa em bibliográfica, o que demandou uma profunda reformulação, ampliando ainda mais o trabalho que já não era pequeno. Nem isso fez com que a instituição modificasse prazos e datas. Portanto não há a menor possibilidade de apresentações de TCC, considerando todas as condições em que nos encontramos. Estamos no limite. Sabemos que é possível a reformulação do processo final do curso tudo amparado legalmente, seja pelas deliberações do MEC, seja por decretos municipais e estaduais. Portanto, não faz sentido não sermos ouvidos.
Nós, alunos do 6/7/8 períodos, buscamos da instituição um posicionamento com relação a isso. Pedimos aos coordenadores que tenham sensatez nas deliberações levando em consideração tudo o que ocorreu e que está ocorrendo que modificou para sempre nossa vivência. Não há mais espaço para unilateralismos. Esta situação adversa veio nos mostrar que é necessário que a instituição reveja a maneira de tomar decisões. É preciso que a condição humana esteja a frente de burocracias. Por um ensino empático e de qualidade, consideramos que os estudantes de maneira alguma podem ser penalizados por quaisquer limitação oriunda de sua condição física, emocional econômica e material, especialmente diante da pandemia. Diante de toda as dificuldades expostas, nos posicionamos radicalmente contra a apresentação do TCC. Nos prontificamos, contudo, na entrega do TCC escrito em formato online (arquivo) com a devida extensão de prazos.
Atenciosamente turma de formandos da Facisa-BH.

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