Abaixo-Assinado (#51727):

Protesto contra a indicação de um agressor de senhoras à vice-presidência da CONIB

Destinatário: CONIB

Como acontece a cada três anos, a CONIB passará por mudança em sua gestão, através de eleições indiretas. Normalmente sem muitas controvérsias, essa mudança ocorre de maneira tranquila e sem polarizações. No entanto, em 2020, decidiu-se optar por uma nomeação polêmica e inconveniente ao cargo de vice-presidente.

O vice-presidente indicado pela chapa é o presidente “licenciado” da FIERJ, que exerceu o cargo por menos de dois meses antes de se afastar. Seu afastamento (voluntário e depois efetivado pelo Conselho Deliberativo da Federação) ocorreu após agressão física a uma senhora idosa durante o festival de dança da Hebraica, em 2018. Isso aconteceu poucos dias após ele declarar publicamente o apoio da Federação ao então candidato Jair Bolsonaro.

Se a chapa da CONIB busca harmonizar o ambiente polarizado que estamos vivendo na comunidade, deveria repensar esta nomeação por diversos motivos:

Primeiro, porque não há harmonia na nomeação de uma pessoa que, ao apoiar um candidato à presidência em nome de toda a Comunidade Judaica, não soube fazer distinção entre sua posição política pessoal e a de representante da comunidade do Rio de Janeiro. Este gesto alijou boa parte dos judeus que não apoiava tal candidato, contribuiu para a polarização da comunidade e para a imagem perante a sociedade brasileira de que todos apoiávamos o mencionado candidato. A falha em reconhecer a pluralidade e diversidade da comunidade judaica corre o risco de contaminar a CONIB e suas posturas.

Em segundo lugar, e ainda mais importante, porque não é aceitável que possa ser nomeada a um cargo político tão relevante para a nossa comunidade uma pessoa que, enquanto presidente, está sendo julgado por agredir fisicamente uma senhora idosa, algo que motivou o seu afastamento da posição de presidente da FIERJ poucas semanas após a sua efetivação no cargo. Afastamento este que se tornou definitivo, uma vez que não houve seu retorno à posição durante os dois anos em que ele deveria ocupar o cargo.

Em terceiro lugar, porque é lamentável que uma pessoa cuja experiência comunitária institucional resume-se a menos de dois meses de um mandato interrompido pelo motivo exposto acima, assuma posição de tamanha importância como a vice-presidência da CONIB.

Cabe lembrar ainda que, caso fosse genuíno o interesse em construir em prol da comunidade judaica brasileira, seria muito mais prudente começar a partir da realização de trabalhos de base que ajudassem na reabilitação da comunidade e de sua imagem diante dos judeus cariocas, ao invés de arvorar-se no prestígio comunitário e político de seus pais e família.

Para a comunidade judaica brasileira e sobretudo carioca, seria um constrangimento esta nomeação ao cargo de Vice-presidente da CONIB e, por conta disso, contamos com o seu apoio na assinatura deste documento pedindo que se revise a indicação.