Abaixo-Assinado (#53318):

Método de Avaliação - Grupo AFYA / ITPAC-Palmas

Destinatário: ITAPC/Palmas e Grupo Afya

A Sua Senhoria a Senhora

CIRLENE DA CONCEIÇÃO PESSOA

OUVIDORIA GERAL

ITPAC-Palmas/Grupo Afya

NESTA.



Assunto: Requerimento Administrativo (encaminha)

Senhora Ouvidora,

CONSIDERANDO QUE a Constituição Federal em seu Art. 205 traz que “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” tendo como princípios básicos a liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber bem como o pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas.

CONSIDERANDO QUE em conformidade com a Constituição Federal a LEI Nº 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996 (LDB - Lei de Diretrizes Básicas da Educação) dispõe em seu Art. 1º que “A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais".

CONSIDERANDO QUE o Regimento Geral da ITPAC-Palmas (2021) em consonância com as normas em vigor traz que a Instituição possui como MISSÃO: tornar-se referência em educação médica e da saúde, capacitando os alunos para transformarem seus sonhos em experiências extraordinárias de aprendizagem ao longo da vida; VISÃO: um mundo com melhor educação e saúde e bem-estar; tendo para isso, em especial, o Foco no aluno como um de seus principais valores;

CONSIDERANDO QUE de acordo com o Regulamento Interno da Ouvidoria da ITPAC-Palmas esta é um órgão de comunicação que visa a obter e oportunizar críticas, sugestões, reclamações e opiniões sobre a Instituição, por meio de mensagens eletrônicas, telefone, caixas de opiniões e atendimento pessoal, devendo responder ao solicitante/participante no prazo de 5 dias úteis as solicitações.

CONSIDERANDO QUE devido o momento pandêmico em nível mundial todas as atividades públicas e privadas foram alteradas, em particular no sistema de ensino superior. E tal mudança de perspectiva tem afetado frontalmente os acadêmicos do Curso de Medicina – 1º Semestre de 2021 da ITPAC-Palmas, uma vez que infelizmente o que se tem visto é um profundo descontentamento com a didática ofertada e principalmente com a forma de avaliação disponibilizada pelo Corpo Docente, salvo raras exceções.

CONSIDERANDO QUE “Desenvolver um Ensino Remoto Emergencial não implica transpor meramente o ensino presencial para o contexto remoto. Ainda que o ensino, no contexto da pandemia, tenha caráter emergencial, não pode acontecer de modo improvisado. Afinal, quando os profissionais envolvidos na educação decidem o que e como ensinar, estão contribuindo com o que as pessoas, como cidadãs e profissionais, serão capazes de fazer e como elas serão capazes de transformar a sociedade no futuro (BOTOMÉ, 1994; CARVALHO et al., 2014)”.

CONSIDERANDO QUE no Brasil, há 8,45 milhões de estudantes de graduação, sendo 75,4% matriculados em universidades privadas (INEP; DEED, 2019), é relevante que a IES defina que variáveis relacionadas aos estudantes precisam ser conhecidas para que suas condições sejam caracterizadas. Sem isso, é alto o risco de exclusão de boa parte dos acadêmicos, gerando uma situação de inequidade e falta de isonomia entre os métodos de ensino-aprendizagem praticados nas várias unidades do Grupo Afya. Logo, simplesmente cobrar os meios tecnológicos como computadores, celulares, notebooks, câmeras entre outros instrumentos, sem prazo razoável, para que o aluno realize avaliação na plataforma não se torna razoável da forma que vem sendo feito, o que tem causado imensa insatisfação e desmotivação no corpo discente.

CONSIDERANDO QUE o processo de formação dos futuros médicos tem sido objeto de inúmeros conclaves e debates. Nesse contexto emergiram as propostas de avaliação dos graduados em Medicina com maior difusão de novas alternativas pedagógicas, entre elas o "Problem-Based Learning - PBL". Portanto, ao assumir este método espera-se que a IES proporcione aos Discentes treinamento prático e desenvolvimento de habilidades específicas. Todavia, o que se tem observado é uma aprendizagem distorcida e de irresponsabilidade pedagógica sob o manto do argumento de que cabe ao estudante “autodescobrir”, e “aprender por si mesmos” esperando passivamente que os alunos tenham um “conhecimento prévio” de todos os assuntos ministrados nas aulas.

CONSIDERANDO QUE a cobrança por parte da Instituição de computador de “alta performance” e “imposição de uso de software e câmera” para realização de avaliações/provas (totalmente a cargo no aluno) tem sido fator de grande insatisfação. Sem contar que a avaliação em formato de “concurso público” adotado pela Coordenação onde o aluno possui poucos minutos para ler, interpretar e marcar a alternativa, não condiz com os objetivos traçados para a formação de futuros médicos. As questões aplicadas nas avaliações, em sua grande maioria, possuem textos longos de casos concretos que necessitam de uma análise pormenorizada do aluno e não a simples marcação aleatória do “x” se utilizando da probabilidade matemática para tirar uma nota satisfativa. E o reflexo de toda essa celeuma reflete diretamente no psicológico do aluno que apesar de ler diversos livros, manuais e artigos se sente impotente diante de uma avaliação que não condiz com o nível da aula do professor ou com os pífios materias disponibilizados (muitos desses materiais são simplesmente “prints” aleatórios da internet sem qualquer organização ou concatenação do conhecimento).

CONSIDERANDO QUE o feedback entre Coordenação, Corpo Docente e Discente praticamente não existe. Apesar do Regimento da Instituição deixar claro quais as atribuições (direitos e deveres) de cada ator acadêmico, o aluno é colocado à mercê das discussões e tratado como verdadeiros “dementes” e “incompetentes” sendo que um simples questionamento junto a Coordenação ou Professor pode gerar respostas agressivas ou em tom ameaça, situação testemunhada por dezenas de alunos e inconcebível em um mundo moderno e garantista.

CONSIDERANDO QUE a avaliação é um meio de quantificar o aprendizado do aluno, devendo, portanto, ser disponibilizada aos mesmos bem como ser discutida juntamente com o professor da matéria, uma vez que somente com a identificação dos erros é possível se traçar uma metodologia inclusiva do aprendizado. Importante ainda mencionar que diante dessa negativa de disponibilização de provas por parte da ITPAC-Palmas torna-se inviável a impetração de recursos frente a questões passíveis de anulação.

CONSIDERANDO QUE a disponibilização tempestiva dos temas a serem tratados nas palestras entre outras atividades avaliativas viabiliza a preparação prévia do aluno para que este possa participar mais ativamente do processo ensino-aprendizagem. Por diversas vezes já fora solicitado junto a Coordenação do curso para que seja observada tal situação, contudo, até o presente momento não há nenhuma programação das aulas, sendo inviabilizado a criação de “organizadores prévios cognitivos” amplamente difundido pelo método ativo utilizado pela IES.

CONSIDERANDO QUE o estudo de problemas apresentados nas APGs (Aprendizagem em Pequenos Grupos), TICs (Tecnologias da Informação e Comunicação) e Fóruns são fundamentais para a construção do conhecimento na metodologia ativa. Questiona-se o fato de não ter um feedback adequado diante de tais ferramentas de ensino utilizadas, gerando dúvidas e incertezas frente ao achado clínico do problema. Sem contar que o tempo disponível para discussão do problema é demasiadamente curto e por vezes os temas não possuem ligação ou subsunção entre si. Certo é que, atualmente, no formato utilizado, vários alunos finalizam as atividades sem entender realmente o que foi passado, muitas vezes por simplesmente não se sentirem à vontade para questionar ou com medo de alguma interpelação do Docente.

Logo, tem-se que a educação não é, e nunca foi, um processo de autoinstrução completa. A própria essência deste reside na seleção, organização, interpretação e disposição sequencial conscientes dos materiais de aprendizagem por pessoas experientes em termos pedagógicos. A IES não pode, em sã consciência, abdicar destas responsabilidades, entregando-as aos Discentes em nome da Democracia e do Progresso. O conteúdo do currículo é de inteira responsabilidade do professor e não exclusiva do discente.

Por fim, frente a insatisfação e indignação retro suscitada, SOLICITAMOS providências em caráter administrativo, considerando que tais relatos são facilmente identificáveis se realizado levantamento junto ao Corpo Discente do primeiro semestre de medicina do ano de 2021. Isto porque, tais reflexos negativos já foram verificados quando das atividades e do processo avaliativo realizado recentemente e certamente causará prejuízos imensuráveis (tanto financeiro quanto psicológico) aos alunos, gerando demandas administrativas e judiciais de toda a ordem que certamente não será benéfica para nenhuma das partes envolvidas.

Certa de um breve retorno, coloco-me a inteira disposição para qualquer esclarecimento junto a este Douto grupo de professores, servidores e facilitadores do processo de ensino-aprendizagem do Grupo Afya.



Respeitosamente,



Curso de Medicina

ITPAC- PALMAS

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