Abaixo-Assinado (#8827):

Pela entrega do Prêmio "Dom Luis Gonzaga Fernandes 2011" a Isabel Aparecida Borges da Silva.

Destinatário: Comissão Julgadora do Prêmio "Dom Luis Gonzaga Fernandes"

A criminalização não parará os defensores de direitos humanos

Um canto de solidariedade com Isabel Aparecida Borges, militante da Pastoral Carcerária e dos Direitos Humanos, acusada de 18 crimes em 2006 para acabar com seu compromisso em defesa da dignidade humana e para colocar a mordaça nos defensores dos direitos humanos.

Já se passaram cinco anos desde o dia em que viraste manchete de jornal. Foste apontada como bandida. Maculando tua imagem. Acusaram-te de dezoito crimes. Foi uma injusta o que fizeram contigo. Dedicaste 25 anos de tua vida para Pastoral Carcerária. Como o Bom Pastor, conhecias todos os presos pelo nome. Sacrificaste boa parte do teu tempo para levar o Evangelho nas cadeias. Todo mundo tinha maior respeito por ti. Cometeste alguns erros, mas a quem muito ama muito é perdoado. Enfrentaste com coragem policiais truculentos. Denunciaste agentes torturadores. Foste mediadora de inúmeras rebeliões. Salvaste vidas. Tu foste missionária da dignidade humana. Dirigiste o teu olhar misericordioso para quem vivia às margens da sociedade. Anunciaste o perdão. Incentivaste a mudança. Foste promotora da humanização do sistema penitenciário. Incomodaste gente graúda. Encaraste a perseguição. Sofreste em tua pele a estigma dos presos.

Não tiveram coragem de te matar. Optaram pela morte moral. Com covardia deram um tiro na tua dignidade. Jogaram em tuas costas acusações vergonhosas que nunca conseguiram comprovar. Os mesmos que foram cruéis contigo nada fizeram para punir aqueles que promoveram as violações aos direitos humanos. Omitiram-se diante das torturas praticadas nas masmorras capixabas. Tentaram colocar uma mordaça em nossas bocas para que parássemos de denunciar. Mas não conseguiram nos calar. Foste traída por todo mundo. Até as pessoas que serviste com gratuidade mergulharam na desconfiança e no silêncio da omissão. Mobilizaram as maiores autoridades para envenenar todo mundo contra você. Disseram que havia muitas provas que te incriminavam para matar qualquer tentativa de solidarizar com tua situação. Contigo caluniaram a Igreja Católica e a Pastoral Carcerária.

Carregaste a cruz sozinha. Tiraram-te até o direito de contar com um Cireneu. Não entendiam porque só nós conseguíamos entrar em qualquer presídio. Não queriam aceitar de jeito nenhum que eles, apesar de toda a força policial, não conseguiam colocar ordem no sistema penitenciário. Não engoliam que naquele junho de 2006 fôssemos nós a acabar com as rebeliões da Casa de Passagem de Vila Velha e do Presídio de Segurança Máxima de Viana. Foi a nós e não a eles que os presos entregaram armas e reféns. Melindrados, adotaram a pior arma de quem não tem argumentos: a calúnia. Foi graças à semente que tu plantaste que brotou a força para derrubar as masmorras capixabas e a resistência contra todo tipo de violação aos direitos humanos.

O teu sofrimento destes cinco anos não foi em vão. É dele que atingimos força para continuarmos nossa luta. Mesmo te parecendo inútil, na realidade tornou-se a dor do parto de nossa coragem e ousadia.

É a ti que dedicamos a implosão da casa de Passagem de Vila Velha, a desativação das carceragens dos DPJ´s da Grande Vitória, a demolição da Casa de Custódia de Viana e a desativação das celas metálicas.
Chegou a hora de te reabilitar. Devolver-te a dignidade é nossa obrigação. Não podemos morrer sem antes emendar a maldade que fizeram contigo. O Estado do Espírito Santo te deve desculpas. Se isso não acontecer pelo atalho do bom senso, vai ser pela força da Justiça.

Estamos com a disposição de procurar todos os tribunais, inclusive aqueles internacionais, para comprovar tua inocência.

Sendo assim, propomos que no primeiro ano de um governo democrático o prêmio dom Luis Gonzaga Fernandes seja destinado a ti, Isabel Aparecida Borges da Silva.

Tenho a absoluta certeza que depois de anos de medo de constranger o poder, dom Luiz Gonzaga Fernandes vai ter o orgulho de ver um prêmio dedicado á sua memória ser destinado a alguém que de verdade optou pela vida e a dignidade humana.

Lembra-te, Isabel, que a cruz no caminho do cristão é uma situação provisória. É realidade definitiva a participação na vida plena do Ressuscitado.

Como diz a Palavra de Deus: "Seis coisas o SENHOR aborrece, e a sétima a sua alma abomina: olhos altivos, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente, coração que trama projetos iníquos, pés que se apressam a correr para o mal, testemunha falsa que profere mentiras e o que semeia contendas entre irmãos." (Prov 6,16-19).

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